Grupo de Pesquisa em Neuroimagem da Cognição Humana
Quem somos
O Grupo de Pequisa em Neuroimagem da Cognição Humana
é um grupo multidisciplinar que usa uma abordagem neurocientífica para estudar os transtornos neurobiológicos da aprendizagem e os efeitos do ambiente na cognição.
O grupo também trabalha com o desenvolvimento de técnicas de processamento de sinais e de imagens de ressonância magnética (funcional e estrutural), com a utilização de algoritmos de aprendizado de máquina e de modelos estatísticos.
Avaliação de Crianças em Risco de Transtorno de Aprendizagem
Coordenação: Augusto Buchweitz, PhD
O projeto ACERTA surgiu com o propósito de melhor entender as mudanças que
ocorrem no cérebro das crianças em fase de alfabetização. O principal objetivo é de compreender
por que algumas crianças desenvolvem transtornos de aprendizagem. Em conjunto com outros dois
centros de pesquisa, em Florianópolis e Natal, estão sendo identificados biomarcadores precoces
desses transtornos, através do uso da neuroimagem funcional e estrutural. Paralelamente, o projeto
tem o objetivo de divulgar e conscientizar a comunidade escolar sobre os transtornos específicos
de leitura (dislexia) e matemática (discalculia), que afetam entre 5 e 10% das crianças em todo o mundo.
A pesquisa está organizada em torno de três grandes eixos: avaliação clínico-pedagógica, identificação
de marcadores biológicos e construção de modelos preditores de transtornos de aprendizagem.
Se você conhece uma criança na faixa etária proposta pela pesquisa (crianças de
9 a 13 anos) e gostaria de uma avaliação ambulatorial em nosso Instituto, escreva para projetoacerta@gmail.com.
VIVA
Vida e Violência na Adolescência
Coordenação: Augusto Buchweitz, PhD, Alexandre Rosa Franco, PhD, e Rodrigo Grassi Oliveira, PhD
A violência entre adolescentes vem crescendo em números alarmantes. Os efeitos da exposição
à violência nessa faixa etária incluem deterioração do desempenho escolar, dificuldade de concentração, problemas
de frequência às aulas e aumento da taxa de abandono escolar. A partir de um trabalho conjunto entre as instituições,
a Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul e as escolas estaduais, alunos de diferentes regiões de Porto
Alegre serão convidados a participar da pesquisa. O estudo combina medidas de desempenho escolar e de habilidades
cognitivas, avaliações do funcionamento do cérebro e avaliações moleculares do hormônio cortisol, um indicativo de
estresse, para desvendar os efeitos da violência na cognição do adolescente. São investigados diversos fatores mediadores
que podem influenciar o desempenho na escola. seus resultados poderão servir para avaliar o efeito positivo das intervenções
educacionais e ações públicas a partir de parâmetros de desempenho escolar, neuropsicológicos e neurobiológicos. O estudo
de Porto Alegre é parte de um projeto mais amplo de acompanhamento escolar realizado pelo BID no Rio Grande do Sul e no
Brasil e, ainda, em Honduras.
O número de idosos com mais de 80 anos cresce exponencialmente no Brasil. De acordo com recente
levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país contabiliza
aproximadamente 3,5 milhões nessa faixa etária. Em 2060, esse número deve saltar para 19 milhões. Junto
com esse dado, se encontra o aumento da prevalência de doenças degenerativas em idosos – como o Mal de
Alzheimer – atingindo 1/3 dos idosos com mais de 85 anos (OMS). No entanto, há um seleto grupo de pessoas
nessa faixa etária que mantêm suas funções cognitivas resistindo à passagem do tempo: os Superidosos.
Diante dessa perspectiva e com interesse especial em comparar esses idosos com a população que apresenta declínio
cognitivo, especialmente em razão da doença de Alzheimer, o Instituto do Cérebro uniu pesquisadores de múltiplas áreas
como medicina, psicologia, física, engenharia, farmácia, matemática, entre outras, com o objetivo de pesquisar sobre
o envelhecimento saudável e supersaudável. O grupo quer descobrir quais são os mecanismos neurais que permitem que
esses indivíduos cheguem a uma determinada fase da vida com uma capacidade cognitiva muito superior à média. As
descobertas dessa pesquisa serão aplicadas a pacientes com neurodegeneração. O estudo realizado no InsCer é o primeiro no Brasil
e, com os achados, pretende-se trabalhar estratégias de prevenção precoce da neurodegeneração e tratamentos
direcionados a pacientes que já possuem a doença de Alzheimer.
Quer participar? A pesquisa Superidosos está à procura de voluntários para as próximas etapas do estudo. Veja como
é possível participar:
Ter 80 anos ou mais.
Não ter metais no corpo, tais como marca-passos, próteses, pinos, etc.
Não ter problemas de saúde como insuficiência renal, câncer, cardiopatias, etc.
Para ser voluntário ou inscrever um voluntário, envie um e-mail para: projetosuperidosos@gmail.com.
ZIKA VÍRUS
Coordenação: Jaderson Costa da Costa, MD, PhD
O Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul – PUCRS lançou em dezembro de 2015 uma nova frente d
e pesquisa para uma epidemia que assusta o país: a do Zika Vírus, principal causador dos casos de
microcefalia. De acordo com o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde (referência
27/7/2016), desde o início das investigações foram reportados 8.703 casos suspeitos de microcefalia no
Brasil, a maioria na Região Nordeste. Desse número, 1.749 casos foram confirmados para microcefalia e
outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita em todas as unidades da federação.
Frente ao quadro grave que se alastra pelo território nacional, o diretor do Instituto, Prof. Dr. Jaderson
Costa da Costa, chamou profissionais e pesquisadores das mais variadas frentes para a criação do Zika Team,
ou “time Zika”. Costa explica que o InsCer pode se tornar uma referência para estudos de prevenção,
diagnóstico e tratamento da doença, a partir de uma equipe qualificada e de equipamentos de alta tecnologia,
importantes em um momento de tantas incertezas em relação à doença. “O que temos hoje é um quadro de mulheres
aterrorizadas, em pânico. É mais do que simplesmente um agente que você possa facilmente eliminar, é um problema
grave de saúde pública”, destaca. Por essa necessidade, justifica o neurocientista, é que nasce o Zika Team, com
a proposta de atuar em várias frentes. “A melhor maneira de combater uma epidemia como essa ou mesmo lidar com suas
consequências é reunir pessoas da nossa Instituição com experiência em obstetrícia, medicina fetal e outras áreas,
garantindo assim uma melhor e mais eficiente busca de soluções”. Para o pediatra e infectologista Marcelo Scotta,
o time especializado de enfrentamento ao vírus é uma excelente oportunidade de revelar alguns mistérios que permeiam
o Zika e suas consequências, como a microcefalia.Segundo o especialista, uma das grandes questões está ligada à diferenciação
de casos congênitos de microcefalia (intrauterinos) ou perinatais (quando o contágio se daria logo ao nascer).
“São casos diferentes que precisamos estudar a fundo, até para esclarecer boatos sobre a doença”. O grupo afirma ainda que
é necessário identificar subtipos do Zika Vírus, para esclarecer se um tipo de vacina daria conta de imunizar toda a
população ou se seriam necessários outros desenvolvimentos. Levanta-se ainda a hipótese de exames de secreção vaginal em
mulheres, já que foram reportados casos de infecção do Zika por relações sexuais.
Mídias Sociais
Mídias sociais e tomadas de decisão.
Coordenação: Grupo de Neurofilosofia PUCRS:
Nythamar de Oliveira, PhD; Fabrício Pontin, PhD
Instituto do Cérebro: Jaderson Costa da Costa, MD, PhD; Alexandre Rosa Franco, PhD; Augusto Buchweitz, PhD;
Mirna Wetters Portuguez, PhD
O objetivo do projeto multidisciplinar “Mídias sociais e tomadas de decisão” do Instituto do Cérebro
do Rio Grande do Sul é investigar como decisões sobre problemas do cotidiano são tomadas enquanto acontecem
no dia-a-dia (fora das redes sociais) e nas mídias sociais – que se instanciam online. A partir de uma
investigação inicial com alunos de graduação da PUCRS, questionários sobre o uso da internet permitiram
identificar usuários frequentes (adultos ou viciados, digamos, em redes sociais) e pouco ou nada frequentes
das redes sociais. A pergunta principal é: para os adictos em mídias sociais, as situações offline
de tomada de decisão sobre dilemas do cotidiano (tais como racial, financeiro, de honestidade) têm o mesmo
peso que situações que acontecem online? A hipótese é que para os adictos, em comparação aos usuários pouco
frequentes, não há diferença entre o mundo online e offline e os dilemas carregam o mesmo peso e se instanciam
da mesma forma, portanto, no cérebro. Através de uma técnica de análise de dados que se vale da inteligência
artificial, os pesquisadores pretendem identificar os adictos e os usuários nada frequentes utilizando, tão somente,
a forma como o cérebro responde às situações criadas (uma espécie de leitura da mente).
Crack - Dependência
Identificação dos mecanismos de funcionamento cerebral em pacientes dependentes de cocaína/crack e sua
relação com comportamentos externalizantes
Coordenação: Pedro Eugênio Ferreira, PhD
O estudo que envolve 60 usuários internados em fazendas de reabilitação com dependência grave, distúrbios de comportamento,
baixa aderência e outros problemas inerentes à doença. Os pesquisadores possuem o seguinte problema de pesquisa:
o comportamento alterado já era inerente ao dependente químico antes de ele ser usuário de drogas ou é decorrente de
alguma lesão em regiões do cérebro provocada pelo abuso dessa substância?
Uma parte do estudo é o levantamento do perfil sociodemográfico, com a identificação de doenças psiquiátricas associadas
e distúrbios comportamentais. A segunda etapa consiste na investigação, através de neuroimagem de ressonância magnética
funcional (fMRI), de quais são as regiões ou as conexões cerebrais que podem estar alteradas nesses casos. Também está
sendo aplicada a chamada Teoria da Mente, que mede a capacidade do indivíduo de perceber que o outro possa ter um
comportamento, um pensamento ou uma ideia diferente da dele. “Isso pode estar na capacidade do drogado de se reabilitar,
imaginando que o seu terapeuta e sua família possa estar discordando dele e pode criar novas habilidades sociais,
incluindo se manter livre de drogas após o tratamento”, ressalta Ferreira.
Ao longo do estudo, as imagens obtidas através das ressonâncias magnéticas dos dependentes de drogas vão
ser comparadas com imagens e questionários aplicados a controles saudáveis, ou seja, pessoas que não consomem drogas
e que possuem comportamento social mais ou menos adequado. Usuários de drogas e controles foram equiparados em gênero,
idade, escolaridade e condição socioeconômica. Estes controles são importantes para a avaliação de que as alterações
provavelmente são decorrentes do uso de cocaína/crack.
Entendendo melhor o que está ocorrendo no cérebro e no psiquismo desses pacientes, os pesquisadores pretendem mudar a
compreensão da doença e, principalmente, sugerir novas abordagens nas fazendas para dependentes químicos. “Além disso,
é preciso publicar os artigos para a difusão dos resultados, propondo que outros profissionais da área tenham uma nova
postura frente a estes dependentes de drogas e talvez os resultados sejam mais alentadores do que estão sendo até agora”,
ressalta o coordenador. Segundo o último levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), o Brasil representa 20% do
consumo mundial de crack e cocaína.
Crack - Ocitocina
Efeitos da Ocitocina Intranasal na Atividade Cerebral em Mulheres Usuárias de Cocaína-Crack
Coordenação: Rodrigo Grassi Oliveira, PhD
Os pesquisadores do InsCer Rodrigo Grassi-Oliveira, Alexandre Rosa Franco,
Augusto Buchweitz e Breno Sanvicente lideram no instituto um estudo, em fase clínica, para avaliar um
novo tipo de intervenção para auxiliar as mulheres usuárias de crack. De acordo com os pesquisadores,
os tratamentos atuais destinados a usuárias são muito pouco eficientes e não levam em conta as particular
idades de gênero e outros fatores individuais que levam as pessoas a tornarem-se usuárias. Segundo eles,
a mulher sofre mais durante a desintoxicação e acaba sendo exposta a situações de trauma, como morar na
rua ou mesmo se submeter à prostituição. “A mulher progride para a doença mais rápido e os prejuízos
associados são mais intensos”, revela o pesquisador Breno.
A intervenção utilizada neste projeto de pesquisa, pioneiro no mundo, é o uso de ocitocina intranasal para
redução de fissuras e do aumento do controle da vontade do uso. Cerca de 50 mulheres usuárias recentemente
internadas em uma unidade de desintoxicação de Porto Alegre estão sendo convidadas a participar desta pesquisa.
Nesta fase, as pacientes recebem um análogo do hormônio via inalação e são avaliadas, em seguida, através de
exames de ressonância magnética funcional no instituto, permitindo mapear a atividade cerebral. Como a fissura
é muito associada a pistas do ambiente, durante o exame, são apresentadas imagens (fotografias) de crack (da droga)
e de pessoas usando o crack, em um monitor instalado na sala do exame.
Enquanto as imagens estão sendo mostradas, são mapeadas as atividades cerebrais destas mulheres. Para garantir
a correta interpretação dos dados, em outro momento a mesma paciente repete o procedimento, porém utilizando um
spray de solução fisiológica para estudo de efeito placebo. Se trata de um estudo duplo cego, onde nem os
pesquisadores e nem os pacientes sabem se a substância inalada seria solução fisiológica ou o hormônio.
Em uma fase piloto, onde ainda o cegamento não havia ocorrido, foi possível constatar aquelas que usaram
ocitocina apresentaram um aumento da atividade cerebral em regiões do cérebro responsáveis pelo controle
emocional e tomada de decisão. Se isso for de fato confirmado ao fim da pesquisa, que deve estar concluída em
dois anos, um novo alvo de intervenção terapêutica para o tratamento de crack em mulheres poderá ter sido descoberto.